terça-feira, 24 de março de 2009

Oitavo Ato

Oitavo Ato e eu ainda nesse palco com as cortinas abertas. Completamente desnuda para quem quiser ver. E ironicamente, não estou com pudor por estar assim tão a mostra. Sou vísceras, sou rude, sou Lis, Elis, Elisabeth... Elisa.
Quando criança me diziam para não ter medo e se tivesse, enfrentar o que eu temia. Sempre fui forte e mesmo com medo do monstro que se escondia no escuro, eu dormia com a luz apagada. Sobrevivi. Mas e agora, depois de tantos anos, estou aqui com medo das luzes que me iluminam nesse palco de tábuas marfim.
Ironicamente o destino ou alguém que rege a minha vida como se eu fosse uma marionete gosta de me testar. E eu deixo-me ser mulher o suficiente para ter medo e continuar aqui, de pé, mostrando-me para você. Isso mesmo, você leitor está me vendo desnuda de qualquer máscara social. Me vendo em forma de diário da poesia interna que sou.

Sou mulher
Sou pétala e espinho
Sou carne
Sou cicatriz

Sou um disco de vinil com vários arranhões e várias melodias em constante acorde que a todo momento se cruzam, ensurdecendo ou acalmando.
Sou alguém que não quer sentar numa cadeira e falar da sua vida com outro alguém desconhecido. Eu prefiro sentar-me aqui, na minha cama, por o notebook quentinho no meu colo e assim, conversar com você que eu mal conheço, mas que por alguma razão que ainda não sei explicar, prefiro falar com você sem face do que com um psicólogo de máscara e roupa branca.
Eu talvez nem tenha medo dessas luzes que hoje me mostram amarelada e com celulites a você. Mas tenha vergonha de estar assim tão como só eu me conheço para você. Esquizofrenicamente dizendo que sou várias e que sou uma e que sou mulher e não tenho medo de estar no oitavo ato em cima do palco vivendo insanamente por ter adrenalina no coração e amor no sangue.



"Sou a poesia da vida
Sou o amor em um piso de tábuas de marfim."
E assim o oitavo ato é iniciado... Enquanto eu caminho pelas pessoas em direção ao desconhecido em plena terça-feira às 10 horas da manhã. Estou seguindo o meu ritmo, nem bem um maratonista, nem bem uma velhinha com problemas de circulação, com todos os defeitos e arranhões. Estou disposta a amar novamente e não tenho medo de sofrer por amor.
Tem um menino lindo olhando para mim do outro lado da rua e eu que não sou boba e muito menos santa, retribuo o seu olhar. Que há de mal nisso leitor? Levanta o ego ser vista, fato!
E sim, ainda há esperança e ainda há milhões de pessoas para conhecer.

"Oi" - Ele atravessou a rua e se aproximando com aquele sorriso me fez parar de andar para perguntar-me: "Não há explicação, mas preciso saber se quer tomar um café comigo ali naquela livraria?" - Apontando para a esquina e eu pude ver um pedacinho de uma tatuagem na parte interna do seu braço moreno.
"Sim" - Eu com um sorriso no rosto e uma sensação que se assemelha a uma garrafa de coca-cola borbulhando quando é aberta no peito disse: "Também não tenho explicação para dizer Sim e o seu sorriso é lindo".
Sempre fui seduzida por sorrisos... Mas um café não mata ninguém e eu não estou com medo de morrer de amor nas mãos de um desconhecido com um sorriso lindo.

sábado, 21 de março de 2009

Sétimo Ato


Meu coração brilha
Claro que ele bate
Mas bate por bater
Por que se parar, como irei sobreviver?
Mas ele brilha mais do que bate
Ele quer chamar a atenção
Ofuscar o olhar de alguém
Todo a mostra
Ele quer ser visto
Quer ser gente
Quer bater não só por bater
Quer cantarolar enquanto bate
Um único timbre ele quer compor
Talvez a inicial de alguém
Algo que lembre algo
Ele quer bater por alguém
Mas quem?
Eu que sou a dona dele não sei
Quem dirá ele que só bate por bater e brilha por assim querer ser
Eu quero amar
E amar é compartilhar
Entregar meu coração
Fazer ele bater por você
Você que hoje é apenas quatro letras de amor e não tem sobrenome
Quem é você?
Apareça que algo aqui dentro de mim quer você
Eu quero você
Quero pulsar por você
Vem me dizer: "Sou o que você procurava!"
E eu sou o que te esperava para poder cantarolar dentro de mim.